quarta-feira, 29 de abril de 2009

Encontros...


Segunda-feira, mensagem nova na caixa de e-mails. Joca me chama feliz, e diz que Aurélio, sujeito completamente desconhecido por nós, está promovendo um encontro beneficente de tocadores de harmônica em Lomba Grande, distrito de Novo Hamburgo/RS, e que nós seríamos uma das atrações da festa.
Sexta-feira, a semana correu sem notícias de Aurélio, até o final do expediente, quando me avisa Joca que Aurélio ligara, e que o evento começaria dentro de duas horas, e mais, que nossa presença tornaria o mesmo completo. Saímos às pressas. Arranjei um violão emprestado para acompanhar a harmônica de Joca, e no estado em que nos encontrávamos, rumamos para Lomba Grande sem conhecimento algum do que estaria a nos esperar.
Lá, deparamo-nos com um galpão imenso, porém muito simples, ao lado de uma velha igreja, ao qual se lia na entrada: “Comunidade Evangélica de Lomba Grande”.
Não lembro de em outros lugares uma receptividade tão gostosa.
Fizemos uma apresentação em que a música não se parecia com música, mas mágica pura. Tocamos para uma platéia que também nos tocou com sua candura e solidariedade.
Ao final, aplausos calorosos. Emocionados, todos queriam cumprimentar-nos.
Sentamos para assistir as demais apresentações, quando reparei que uma senhora não havia desviado o olhar de mim. Fui até ela.
Eu te conheço de algum lugar – me disse, ao passo que respondi – eu também te conheço.
Conversamos e contei-lhe que era natural de São Borja/RS, e para minha surpresa, tínhamos alguns amigos em comum.
Tempos depois, vim a descobrir que ela e minha mãe haviam sido amigas e confidentes na época da faculdade.
Comentem e aproveitem a vida...
Guilherme de M. Trindade

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Façamos nossa própria revolução...


Sempre gostei de ir ao cinema, e dentre muitos de meus desejos é que das voltas que o globo dá, meu hábito de prestigiar a sétima arte seja preservado.
Como programa dominical fui a um dos cinemas da capital gaúcha para assistir a primeira parte do lançamento Che (a segunda será lançada em junho/julho).
Apologias sobre as divergências ideológicas à parte, deve ser mencionada a riqueza do conteúdo histórico que as imagens nos trazem aos olhos.
Che, ao lado de Fidel Castro reservaram na história contemporânea um lugar ao sol dentre os fatos mais marcantes. O filme confunde-se com documentário, e mostra um Che áspero e rude, mas sem perder a ternura jamais.
Não aceitava como guerrilheiros os que não soubessem ler e escrever.
Um homem que não sabe ler nem escrever é um homem fácil de ser enganado, dizia.
Lutou pela libertação de Cuba e pelas garantias da coletividade, principalmente no tocante a igualdade de oportunidades. Prometeu antes da guerrilha, que após a vitória nas ilhas caribenhas lutaria até a morte pela libertação dos demais países latino-americanos, e assim cumpriu.
Ernesto Che Guevara, jovem, argentino, médico, driblou os problemas de saúde que a vida lhe presenteara ao nascer, para aos trinta anos de idade conquistar a nação cubana e derrubar um presidente corrupto, evitando que Cuba se tornasse mais um bordel norte-americano no mar do Caribe.
Reitera-se, ideologias à parte, devemos conservar nosso espírito guerrilheiro, promovendo nossas pequenas revoluções diárias, mesmo que as mais íntimas e particulares, sejam elas contra a corrupção, o mau-caratismo, a burocracia, a ignorância, o analfabetismo, a intolerância ou até mesmo contra a preguiça.
Não precisamos de mais um mártir para nos ensinar a lutar, a história já está repleta deles.

Comentem...e aproveitem a vida....
Guilherme de M. Trindade

sábado, 25 de abril de 2009

Emílio Damasceno...mestre das Harmônicas




Conheci Emílio Damasceno de uma forma inusitada. Tenho como hábito, todas as quintas-feiras, à noite, dedilhar meu violão em companhia do amigo, colega e artista João Cacildo, o Joca, que com muita sensibilidade tira sons em uma Harmônica alemã.
Numa destas quintas, após várias canções, regadas a cuias de chimarrão e boa conversa, por descuido meu, foi ao solo o tão estimado instrumento musical de meu parceiro. A tristeza subiu-me ao peito, e apertou-me a garganta, ao ver que a gaita precisaria de manutenção, eis que a embocadura havia se desprendido do corpo. Sensibilizado com a minha insistência em levar o instrumento para o conserto, anotou-me o telefone de um sujeito chamado Emílio, que depois do contato telefônico, e algumas informações, rumei a sua residência.
Chegando lá, fui recebido pelo próprio. Tratava-se de um senhor que aparentava seus oitenta e cinco anos, aos quais depois vim a descobrir que foram quase todos dedicados a gaita de boca.
Após um aperto de mão já percebi que era bom de papo. Levou-me para a pequena sala onde passava grande parte do dia, empenhado sempre na manutenção das harmônicas.
Pelas paredes, fotografias e recortes de jornais e revistas da década de cinqüenta e sessenta, onde facilmente se reconhecia o jovem e belo Emílio Damasceno, integrante do Trio Harmônico, conjunto que alcançou sucesso nacional naquela época, e que possuía como integrantes, além de Emílio, seu irmão Ênio Damasceno e Jeovah Tavares, hoje conhecido como Jeovah da Gaita.
Assim, o que seria uma visita de um desesperado, de um paciente em busca da cura, tornou-se uma agradabilíssima surpresa. Falamos daqueles tempos, da fama, de música, e, ainda, tive a felicidade de ouvir seus discos e suas estórias.
Visitei-lhe outras vezes, e na última visita, levei-lhe uma outra gaita também de meu companheiro musical Joca, para que lhe desse a manutenção. Dias mais tarde telefonou e informou que sua esposa e companheira inseparável ao longo da vida, aos oitenta e quatro anos, encontrava-se em delicadíssimo estado de saúde, mas que a gaita estava pronta e fora afinada na companhia da mulher, que ao lado aguardava a menos esperada das visitas.
Acho que esta será a última gaita que ela me ouve afinar. Disse-nos.
Comentem no blog e aproveitem a vida...até sempre....
Guilherme de M. Trindade

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Primeira postagem...


É com imensa alegria que hoje inauguro o blog CARPE SOMNIU. Palavras originadas do latim ao qual se traduz aproveite o sonho, a utopia, a fantasia. Enfim, é o canto em que escolhi para depositar sentimentos variados como amor, ódio, altruísmo, egoísmo, tristezas, felicidades etc. A idéia original é falar da vida, e como ela se mostra, seja através de um bom filme, de uma notícia ruim, talvez daquela música suave aos ouvidos que a primeira vez lhe escutam, ou, ainda, da paisagem que não havíamos percebido, embora passássemos todos os dias por aquele lugar. Falar sem pretensões, como o sujeito que escreve no diário para que somente ele leia, pois o intuito é apenas o de dizer algo, mesmo que seja vazio em sua plenitude. Jogar com as palavras, descrevendo o que se vê ao espiar pela fechadura do universo.

Como primeiro post, gostaria de falar sobre a imagem escolhida como logo do blog. Trata-se de uma foto tirada pelo músico e compositor Raul Ellwanger, ao pôr-do-sol às margens do rio Uruguai, em São Borja/RS, minha terra natal, num daqueles finais de semanas que deixam saudades, e que poderíamos perfeitamente chamá-los de mágicos, mas deixarei, quem sabe, para discorrer sobre ele futuramente aqui. Corroborando, escolhi esta imagem não apenas pela beleza que solta aos olhos, mas pelo fato de que ao vê-la sinto-me mais perto de casa, bem como, daqueles que amo e por lá ficaram.

Espero que gostem do blog, teçam comentários e aproveitem a vida...até sempre....

Guilherme de M. Trindade