quarta-feira, 29 de julho de 2009

Acasos do coração....

Domingo de manhã chuvosa na capital gaúcha, saio de casa a procura de uma erva mate para cevar um chimarrão...

Para minha surpresa, na padaria ao lado do edifício onde resido, além da erva, encontro um velho amigo da família, Dr. Rogério, e sua esposa.

Estimado cardiologista de São Borja, contou-me que havia parado ali para tomar um café.

Despedimo-nos.

Deixei a padaria pensando na coincidência de nosso encontro.

Antes de alcançar o portão de meu prédio, o transeunte que andava à minha frente leva a mão ao peito e estatela-se aos meus pés.

Um milésimo de segundo foi o tempo que demorei em assimilar a cena que se projetava, e como um sussurro, veio-me o nome:

-Dr. Rogério.

Corri os poucos metros que me separavam da padaria, e entrei solicitando ajuda, que fora prontamente atendida pelo cardiologista, que abandonara sua esposa e café, adentrando na chuva para reanimar o “paciente”.

Massagem cardíaca.

Via-se a sombra da morte cruzar por ali.

Chuva e massagem cardíaca.

Algo em torno de 20 minutos foi o tempo que levara até que a primeira ambulância chega-se ao local.

Curiosos, chuva e massagem cardíaca.

Com a chegada do socorro, muito agradecido, e completamente sem jeito despedi-me do Dr., ao passo que a equipe levava o corpo na tentativa de reanima-lo dentro da ambulância.

E assim, molhado, pude cevar meu chimarrão, e voltei a pensar nos acasos e descasos, e pude concluir:

Coincidência ou não, em uma cidade de quase 2 milhões de habitantes, encontro um amigo de minha cidade natal, que fica a 600km de distância do local onde sucederam-se os fatos, que parou para tomar seu café justamente na padaria ao lado de onde moro, numa manhã em que acabara minha erva mate, fato este que levou-me até a mesma padaria, sendo que no caminho de volta um pedestre sofre uma parada cardíaca e aos meus pés passa a agonizar.

Quase me esqueço de um detalhe importante, este amigo é cardiologista.

Em suma, tudo fora arquitetado milimétricamente para que uma vida fosse salva.

Na manhã seguinte, ao voltar à padaria, soube, pelo dono, que o socorrido não veio a sobreviver.

Aproveitem as coincidências.
Guilherme de M. Trindade

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Frases para Fernanda...

Se a vida é labirinto
De cinco chegou em segundo,
E um segundo, antes dos cinco,
Fernanda andou no mundo.

A vida, maior dos amores,
Frases ditas com clareza,
Do mesmo sol, vários calores,
Chocolate, sobremesa.

No jardim que se faz dona
Das flores a mais bravia,
Dos cinco, desbravadora,
Fernanda no mundo seguia.

Desejo que todos têm
Meio mulher, meio menina
O choro que poucos vêem
A pilha que não termina

Se a distância é indiferente
Saudade se faz presente
Dos cinco a eloqüente
Fernanda no mundo da gente.


Aproveitem seus aniversários.

Guilherme de M. Trindade

terça-feira, 7 de julho de 2009

Neuroma de Mortom, Sinovite, Bursite e a celebração da vida...

Após dois meses de sofrimento, resolvi por fim aos meus passos doloridos. Marquei uma consulta médica.

Prescreveram-se dois exames conhecidos: Ecografia e Raio-x dos dois pés.

Filhos de pais atuantes na área da saúde, não me assustam os ambientes nosocomiais.

Filas, senhas e salas de espera.

Dentre uma espera e outra, sentou-se ao meu lado, uma jovem acompanhando uma menina cadeirante eivada de deformidades físicas.

As atrofias não me permitiram precisar a idade, mas deduzi se tratar de uma criança, eis que esta chamou a acompanhante de mãe, e com medo questionava a todo instante se não poderiam ir para casa.

Nas filas hospitalares, por só existirem as paisagens brancas dos corredores, não se há nada o que fazer para liquidar o tempo, a não ser ouvir a conversa dos que também ali aguardam seus exames, com seus acompanhantes, e assim, por estar sozinho, acompanhei o carinho daquela mãe para com sua filha deficiente.

Pude ver a filha segurar firme da mão da mãe enquanto se dirigiam ao final do corredor para sala de Raio-x.

Pude vê-la também exclamar triunfante quando deixaram à sala:

- Viu mãe? Eles sabem me pegar. Eles me pegam do mesmo jeito que tu me pegas!

Fui o próximo a ser chamado, e apesar dos nomes assustadores das mazelas em mim diagnosticadas, tirando a dor, nada grave.

Aproveitem suas perfeições.

Guilherme de M. Trindade