segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Poemas do Sul...

Cusco Cego (Apparício Silva Rillo)

Este cusco brasino, cara branca,
pequenote e rabão,
que o parceiro está vendo enrodilhado
aí perto do fogão,
foi mordido de cobra na paleta
quando troteava atrás de uma carreta,
cruzando um macegão.

Resultou de tal manobra
que o veneno dessa cobra
cegou meu cusco rabão!

Faz um tempão
que se deu esse tropeço...
Dava pena, no começo,
ver o cusco atarantado,
pechar de frente e de lado,
chorando como um cristão.

Agora,
vagueia solotário pelo pátio,
perdido nessas noites sem aurora
que um dia lhe desceu sobre a retina.
Por isso,
quando a noite se embalsama de perfumes
e os pequenos e inquietos vagalumes
acendem lamparinas nos brejais,
eu maldigo a injustiça do destino
que não ouço o uivo triste do brasino
chorando a lua que ele não vê mais.


Aproveite a Poesia

Guilherme de M. Trindade

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